Dom Sinésio Bohn
Bispo Emérito de Santa Cruz do Sul
Muitas pessoas estão perplexas com os ataques à fé cristã, aos símbolos religiosos e ao próprio Deus.
Acontece que os ateus modernos e os agnósticos se organizaram para extirpar a idéia de Deus da humanidade.
Para alcançar este objetivo procuram
destruir as religiões e as organizações religiosas. Por isso semeiam,
especialmente nas universidades, a antipatia às Igrejas e às autoridades
religiosas.
Naturalmente não faltam exemplos de
pecado e de desrespeito aos direitos humanos na história das religiões.
Mas ocultam a cultura e o contexto em que tudo aconteceu, fazendo crer
que hoje é a mesma coisa. “Como era no princípio, agora e sempre”!
Na Alemanha, os ateus e os agnósticos se
organizam na “Fundação Giordano Bruno”. No Brasil, na ATEA (Associação
dos Ateus e Agnósticos).
Ensaios de ataques aos símbolos
religiosos não faltam. Faz pouco tempo as autoridades da Baviera
mandaram retirar os crucifixos das escolas de Munique (Alemanha). Mais
de um milhão de pessoas protestaram nas ruas de Munique contra a
decisão. As autoridades voltaram atrás.
Na Itália, uma senhora pediu a retirada dos crucifixos dos espaços públicos “porque isto lhe causava fastio”.
O Conselho de Ministros da Itália
respondeu que o crucifixo é um símbolo da cultura da absoluta maioria do
povo italiano. Aquela senhora apelou ao Parlamento Europeu. Após
algumas dúvidas, Comissão de Direitos Humanos do Parlamento Europeu
considerou acertada a decisão do Conselho de Ministros da Itália.
Em Porto Alegre, a pedido de duas
organizações da sociedade, o Conselho de Magistratura do Tribunal de
Justiça do Estado do Rio Grande do Sul acolheu o pedido e mandou retirar
o crucifixo dos espaços do judiciário gaúcho.
O que faremos? Primeiro, levar o ateísmo
a sério. O Concílio Vaticano II afirmou em 1965 (GS nº 76) que “o
ateísmo é um gravíssimo problema de nosso tempo”. Além do mais, “a
comunidade política e a Igreja são independentes e autônomas uma da
outra” cada uma no campo específico.
Por isso aconselha o diálogo, do qual
ninguém fica excluído “nem aqueles que se opõem à Igreja e a perseguem
de várias maneiras”.
Na Albânia, o Estado professou
oficialmente o ateísmo. Fazer o sinal da cruz era proibido sob pena de
morte. Mataram quase todos os padres. Um arcebispo da Albânia, ainda
vivo, disse que o sinal da cruz, “só debaixo das cobertas”.
No Brasil, o Estado é laico. Isto é, o
Estado não decide qual a fé que os brasileiros devem ou não devem
professar. A decisão é do povo. O Estado deve respeitar a cultura do
povo.
O Estado brasileiro assinou com a Santa
Sé (Vaticano) um tratado internacional, no qual o Estado se compromete a
respeitar e a fortalecer os símbolos religiosos católicos. O Estado vai
honrar o tratado?
No Brasil, segundo o Fernando Capez, a
presença do crucifixo nas repartições públicas é uma “situação
consolidada”. Por quê agredir a fé da absoluta maioria do povo? Por quê
favorecer a intolerância de pequenos grupos? Aonde isto tudo vai
conduzir?
Talvez o diálogo pudesse levar a uma
situação nova: que haja mais de um símbolo onde exista grande número de
fiéis de outras religiões?
Finamente, nós cristãos, diante deste
episódio, escapamos de um exame de consciência para ver a qualidade de
nosso testemunho evangélico na sociedade.
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