domingo, 29 de abril de 2012

2° ENCONTRO DO ANO DA CARIDADE


2° ENCONTRO DO ANO DA CARIDADE
Diocese de Caetité
Paróquia Bom Jesus - Brumado - BA
TEMA: Políticas públicas: Saúde e Educação 




Aconteceu nesta sexta-feira no Auditório Professor Fábio Teixeira (CEMEAS) a abertura do segundo encontro do ano da caridade. Neste encontro estiveram presentes diversas lideranças sociais.

Justificativa:
No contexto do "Ano da Caridade" dentro do projeto de Evangelização da diocese de Caetité em preparação ao seu centenário e fazendo eco da Campanha da Fraternidade deste ano de 2012, a Paróquia Bom Jesus, pretendendo contribuir com a sociedade, abre um espaço para reflexão sobre a temática "Política PÚBLICAS: SAÚDE E EDUCAÇÃO".
Conscientizar a população sobre os direitos constitucionais à saúde e educação públicas com qualidade, possibilitando a organização popular no sentido de atenção e acompanhamento do poder público para que esta finalidade seja cumprida é o que desejamos ao realizar este evento.


Acompanhemos o desenrolar das palavras de Antônio S. Evangelista que é pós-graduado em Fé e Política pela PUC-RIO. Vale lembrar que o texto abaixo foi transcrito e adaptado.



“Que a saúde se difunda sobre a terra”(Eclo. 38,8). Este é o desejo não só da igreja, mas de todos. Para que isto realmente aconteça precisamos refletir sobre o tema Cáritas (Caridade). Faremos aqui um paralelo entre a Campanha da Fraternidade 2012 e o Projeto de Evangelização da Diocese de Caetité em preparação ao seu primeiro centenário, afinal, não teremos como alcançar nossos objetivos se não fizermos a relação entre Caridade e Saúde. 

Não estamos aqui para estudar a caridade como muitas pessoas sempre fizeram pensando que "caridade é se desfazer de algo que não me satisfaz mais”. Irmãos, graças a Deus nós evoluímos e não temos mais este pensamento. 

Iremos sim, refletir sobre a realidade da saúde no Brasil em vista de uma vida saudável, suscitando o espírito fraterno. Visto que, nos dias atuais, a fraternidade se tornou algo tão raro que precisou até se transformar em campanha.

Temos consciência de que muitos querem buscar, querem mudar a realidade mundial, mas muitos ainda não querem mudar sua forma de vida. temos que entender que para "que a saúde se difunda sobre a terra" precisamos entender primeiro que as pessoas precisam de nós. Precisamos fazer mais saúde pública, precisamos nos dedicar mais aos nossos irmãos.

Alguns não sabem por onde começar, e aqui vão algumas reflexões que poderão ajudar. Irmão, até visitar um enfermo, ouvir-lo é fazer saúde pública. A maioria das pessoas hoje já não sabe o que isto significa para um doente. Talvez o corre-corre do nosso dia-a-dia não nos permite entender a importância que isto traz para a sociedade.

Lembra o que aconteceu quando Maria, ficou sabendo que a sua prima Isabel estava precisando de ajuda durante a gravidez? Maria vai ao encontro de Isabel. A visita de Maria à sua prima Isabel é sinal de Deus que, em Jesus, visita o seu povo. Precisamos aprender o bem que a visita traz a uma pessoa, mas não é chegar lá e ficar conversando sem deixar que o doente se expresse. Não! Precisamos aprender a ouvir o enfermo. Ele é o principal, deixe-o se expressar.

Outro ponto que precisamos entender é a diversidade e a realidade regionais. A sociedade geme em dores de parto (campanha da fraternidade do ano passado - 2011). Exemplo: ainda existem pessoas que vivem do lixo. 

Irmãos, muitos podem até pensar que o trabalho de seleção do lixo é importante para empregar as pessoas, mas se enganam. Este trabalho não ajuda no desenvolvimento social de ninguém. Outros pensam que podem ajudar estas pessoas que trabalham no lixo se separar o lixo em casa antes de enviar para a coleta. Irmãos, isto não é fazer caridade. Quando você aumenta a quantidade de lixo no mundo pensando que vai ajudar outras pessoas você está sendo um ignorante em não conseguir entender que só está contribuindo para o desgaste da natureza.

Hoje “Uma em cada sete pessoas no mundo vai para a cama com fome, na maioria mulheres e crianças”, disse a diretora da representação do PAM em Genebra (Suíça), Lauren Landis, no seminário intitulado Lutar Juntos Contra a Fome. “A fome mata anualmente mais pessoas do que os vírus que transmitem a AIDS, a malária e a tuberculose”, acrescentou (Agência Brasil). 

Existem muitas coisas que a gente pode fazer para ajudar as pessoas. A ajuda que propomos não é dar uma cesta básica, é fazer um algo a mais para a comunidade, é sair da inércia e colocar a mão na massa. Exemplo: A dengue depende ou não de nós?  Como vai a saúde do brasileiro? Isto depende da gente.

Quando falamos em saúde não estamos nos referindo só da saúde corporal. As doenças emocionais, do espírito e da alma também podem ser discutidas aqui. O nosso corre-corre nem sempre nos permite perceber isto, mas ainda dá tempo de mudar esta realidade. Como exemplo temos a mortalidade infantil. 

A Zilda Arns fez a sua parte incentivando o uso da multimistura, do soro caseiro, do aleitamento materno. Podemos pensar que a água, o sal e o açúcar usado no soro caseiro é pouco para mudar o rumo da saúde pública no país, mas isto ajudou a salvar muita gente.

Notamos assim que para isto não foi preciso muita coisa. O componente principal para este início foi a sensibilidade e a movimentação popular. Irmãos, os grandes processo de mudança na humanidade começam na base. Bom seria se estes movimentos sociais tivessem surgido dos nossos governantes. Mas não! Surgiu de movimentos simples e ajudaram e muito para que a "saúde se difundisse sobre a terra".

Não dá para alcançar a eternidade enquanto existir pessoas doentes. Hoje podemos dizer que a ausência da saúde pública é um grande pecado social.

A nossa realidade social deveria ser de mais participação nos conselhos de controle social.

Veja a relação médico paciente, em muitos lugares isto já não existe mais. O dinheiro fala mais alto. Em muitos hospitais quando se vai, antes do paciente explicar o que está sentindo o médico já está prescrevendo um comprimido de paracetamol para ser ingerido a cada seis horas e entregando ao paciente sem nem fazer a consulta no paciente antes. 

Estudos nos dizem que uma consulta deveria durar pelo menos 15 minutos, mas o que dizer dos médicos de PSFs que atendem sozinhos quase 60 pessoas em uma tarde? Existe possibilidade de este ser estar contribuindo para que a saúde se difunda sobre a terra? Continuaremos sofrendo sem que a saúde se difunda sobre a terra, enquanto os agentes da saúde estiverem isolando seus pacientes, enquanto eles não entenderem que precisam examinar, tocar seus pacientes e que este simples toque pode curar,

As pessoas estão se isolando das demais. Muitos já não querem ter contato com o seu próximo. Vamos voltar a falar das visitas: Hoje muitos não sentem mais bem em visitar. Ninguém sente mais a consciência pesada quando não visita uma pessoa. 

Antigamente quando alguém estava doente todos se sentiam no dever de fazer companhia aos enfermos. E quando acontecia de o enfermo vir a óbito antes da visita acontecer ficava aquela consciência pesada. Precisamos entender que sentimos a necessidade de estar ao lado das pessoas que amamos. Nos momentos difíceis é que sentimos mais falta dos nossos entes. Quando uma criança, por exemplo, está se sentindo em perigo ela procura logo o colo da mãe. O mesmo acontece com os enfermos. Olhar para uma pessoa amada em um momento difícil faz muito bem, mas muitos não têm coragem de dizer ou simplesmente não possuem a oportunidade para tal.

Tem gente ficando doente por que não sorri mais. Por que não conversa mais com outras pessoas. Precisamos nos preocupar mais com as outras pessoas. Isto é fazer caridade. Isto é fazer com "que a saúde se difunda sobre a terra".

Tem muita gente morrendo sem poder pegar na mão da pessoa amada. Lembre-se, no momento da dor, sempre buscamos refúgio em quem amamos. e quando não encontramos esta ajuda deixamos de ser simples pacientes e nos tornamos impacientes.

15% do valor do município deve ser investido na saúde. Alguém sabe disto? Não sabemos se isto está sendo realizado realmente, mas as contas das prefeituras estão sendo aprovadas. (Teremos a certeza de que isto realmente estará acontecendo quando tivermos pessoas comprometidas tratando deste assunto). 

Algumas pessoas tentam tirar o corpo fora quando se fala em política. Irmãos parem de se enganar ao deizer que você não tem nada a ver com o que acontece ao seu lado! Tudo na vida é política. Somos seres políticos por natureza. O que não devemos fazer é politicagem, mas, no mais, devemos sim dar a nossa contribuição.

É importante saber se as coisas estão dando certo. Pare de pensar que não foi com você. 

Quando falo neste assunto lembro-me da música do Pe. Zezinho que diz assim:

Jesus Cristo me deixou inquieto
nas palavras que ele proferiu.
Nunca mais eu pude olhar o mundo,
Sem sentir aquilo que Jesus sentiu:
Eu vivia tão tranquilo e descansado
e pensava ter chegado ao que busquei.
Muitas vezes proclamei extasiado
que, ao seguir a lei de Cristo, eu me salvei.
Mas depois que meu Senhor passou,
nunca mais meu coração se acomodou.
Minha vida que eu pensei realizada,
esbanjei como semente em qualquer chão.
Pouco a pouco, ao caminhar na longa estrada,
percebi que havia tido uma ilusão.
Mas depois que meu Senhor passou,
ilusão e comodismo se acabou.

Jesus me deixa inquieto. A situação vivida por muitas pessoas me deixa inquieto. e você, Jesus continua te deixando inquieto? Se as palavras dele não estão te deixando inquieto tens que parar para analisar a vida.
Em 2050 mais de 22% da população será idosa. Vamos fazer o que com o idoso? O governo vai fazer o que? Investir em políticas publica ou em asilos?

Devemos pensar além da visão política partidária. Ex: a pastoral da criança deve fazer parte da comissão da merenda escolar, cada um de nós devemos buscar aquilo que é de nosso interesse.

Devemos estar atentos à dimensão dos cuidados. Nisto podemos pensar na parábola do bom samaritano. Do ponto de vista majoritário esta parábola foi contada por Jesus a fim de ilustrar que a compaixão deveria ser aplicada a todas as pessoas, e que o cumprimento do espírito da Lei é tão importante quanto o cumprimento da letra da Lei. Jesus coloca a definição de próximo num contexto mais amplo, além daquilo que as pessoas geralmente consideravam como tal.

Cuidado com aqueles que somente buscam intervenções científicas para curar aquilo que uma simples conversa poderia resolver. Não podemos no esquecer que muitas vezes somos influenciados a somente vivermos alimentando uma sociedade consumista e que muitas vezes não está nem um pouco preocupada com seu bem estar. Não nos esqueçamos que quando defendemos uma intervenção medicamentosa estamos  também valorizando um sistema. Tomemos cuidado!

A saúde vinculada somente à comoção tem causado ou inibido outros fatores preocupantes e entre esses a dificuldade de se difundir a “causa”.

Não podemos esquecer que a dimensão espiritual hoje, depois de 2000 anos de luta e de negações, ela faz parte no entendimento da saúde. Muitos são os casos comprovados que as pessoas são curadas com o auxílio da fé ou de ações sociais semelhantes.

A igreja está fazendo a sua parte e muitas são as conquistas. Não é de hoje que estamos empenhados em buscar a saúde para a população através de campanhas tentamos despertar nas pessoas a importância de se trabalhar em prol dos irmãos.Fazemos isto através de campanhas divulgadas ao longo dos anos.


CF-1981

Tema: Saúde e Fraternidade
Lema: Saúde para todos


CF-1984

Tema: Fraternidade e Vida
Lema: Para que todos tenham Vida

Faça você também a sua parte! 

Para terminarmos deixamos uma reflexão:
Que possamos ser diferentes e não indiferentes nas mais variadas situações da sociedade.


Paz e Bem a todos!

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